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Reconhecendo e melhorando funções cognitivas deficientes(I-III)

  • Foto do escritor: Maurício Mafra
    Maurício Mafra
  • 24 de out. de 2017
  • 4 min de leitura

Todo esse comentário advém da obra Além da inteligência, de Reuven Feuerstein, capítulo 9. A leitura que se segue irá seguir o cronograma do capítulo com minhas visões sobre o assunto. Darei uma leve inserção sobre este material para melhor compreendermos do que se trata.

O autor demonstra que a cognição é modificável. Constrói-se sua teoria de Modificabilidade Cognitiva Estrutural (MEC). Aplicando o método Experiência de Aprendizagem Mediada (EAM), teremos os melhores resultados. Tal teoria advém da escola de psicologia Behaviourista, com mudanças bem acentuadas, quase uma nova escola. Essa escola possui um modelo de comportamento mental, onde o indivíduo recebe um estímulo (E) e dá uma resposta (R), tendo o modelo S-R. Piaget foi mais além, pôs o indivíduo (I) com suas características como crescimento, anomalias, etc., tendo agora o modelo E-I-R. Porém tudo isso era muito linear e não atende bem à realidade, por isso Feuerstein pôs o mediador (M) entre cada interação, temos o seguinte modelo:

Onde o mediador está presente em todos os elementos da aprendizagem.

Para alguns pode parecer óbvio, contudo vale lembrar que Piaget é ainda um dos autores mais estudados nas universidades de pedagogia, sendo que sua teoria está defasada consideravelmente. Para exemplificar, esse método, EAM, foi utilizado no caso de um arquiteto que teve derrame cerebral, ele não conseguia mais ter se quer a capacidade de lembrar das coisas de seu trabalho corretamente, depois de ser submetido a esse "tratamento", não só voltou a trabalhar no mesmo nível que trabalhava, como também queria que outras pessoas fossem submetidas ao mesmo método para melhorarem, um verdadeiro milagre.

De acordo com o método temos três locais onde avaliar para saber se o indivíduo possui deficiências, um é na fase de entrada, que vai ser discutida aqui, a segunda é na fase de elaboração e a terceira é na fase de saída, correspondendo as três fases do modelo.

A fase de entrada ou input, como chama o autor, corresponde a fase de coleta dos dados para execução dos processos mentais. Para isso o aluno terá que ter uma visão clara, coesa, sistemática e exata do objeto estudado. Temos então sete deficiências relacionadas a essa fase.

1º - Percepção nebulosa e passageira: O aluno que sofra com essa disfunção é incapaz de distinguir o que é importante ou insignificante, de dedicar o tempo suficiente na avaliação dos objetos e de considerar todos os dados que estão em sua posse, possuindo uma visão generalizada, sem foco e que é facilmente varrida de sua mente. Para tratar desse mal será necessário o aumento do foco pelo mediador para que o aluno consiga, paulatinamente começar a enxergar os dados necessários, isso envolve sempre muita repetição.

2º - Percepção impulsiva: Os alunos tendem a ser impulsivos na sua primeira percepção e não conseguem largá-la. Também não conseguem fazer processos de percepção sistemáticas, manifestando uma impulsão para determinar que o objeto é de determinado modo. Mesmo que tal aluno esteja certo na sua visão, tal procedimento na hora da percepção trará consigo uma não avaliação sistemática dos dados. Exemplo quando um aluno vê aquela alternativa meia certa na primeira lida e não avalia as demais, podendo levá-lo ao erro por não avaliar impulsivamente as alternativas.

3º - Falta de necessidade de precisão e exatidão: A necessidade de ser preciso é fundamental na fase de entrada. A deficiência associada a essa falta de precisão as vezes varia de cultura em cultura, mas no fim das contas é como uma falta de querer armazenar corretamente os dados percebidos.

4º - Falta de vocabulário: Essa deficiência leva a uma não percepção correta dos dados, pois o vocabulário é uma forma de armazenamento mental da realidade, por meio dele é possível reter essas informações na memória. Portanto uma falta de vocabulário amplo limitará as nomeações, eventos, ações e relações dos objetos apreendidos. Arrisco dizer que esse é uma das principais deficiências de nossa educação.

5º - Dificuldade de se colocar no espaço e no tempo: Esse problema decorre da falta de sistemas estáveis de referência temporal e espacial. Tal deficiência deteriora a representação e associação de objetos na fase de entrada. O ser que sofra desse mal terá dificuldades de fazer hipóteses e lidar com o futuro.

6º - Falta de preservação de constâncias: Essa deficiência é característica de uma memória fraca. Por isso o indivíduo não consegue preservar as características essenciais do objeto. Esse problema se apresenta por falhas de preservação nos significados que os objetos ou eventos.

7º - Inabilidade de relacionar múltiplas fontes de informação simultâneas: Mesmo na fase de entrada o indivíduo precisará armazenar os dados sem que antes ele faça uma reflexão crítica, para que consiga pôr os objetos em determinados locais em sua mente, relacionando assim múltiplas fontes de informação. Sendo impossível registrar os objetos sem que antes possa classificá-los, organizá-los, etc., em determinadas ordens e de determinadas formas, sendo necessária a comparação entre objetos antigos e novos e entre objetos apreendidos no mesmo instante. Assim um indivíduo que sofra desse mal tenderá a registrar determinados objetos que já foram catalogados e desconsiderar o restante.

Vemos aqui os problemas que podem acontecer em variados momentos da vida estudantil, no entanto podem ser remediados por uma mediação correta. Tal mediador precisará construir as bases sólidas em seu aluno por meio, principalmente, da repetição, associações, clareza nos exercícios, dentre outras abordagens. A repetição é fundamental, pois ela é o alicerce de qualquer aprendizagem, mais particularmente da fase de entrada. A fase de entrada, por sua vez, será a base dos demais processos cognitivos. Caso haja uma falha nesse processo qualquer coisa adiante sofrerá consideravelmente.

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Trabalho realizado por iniciativa própria.  2017

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