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Palestra sobre BNCC.

  • Foto do escritor: Maurício Mafra
    Maurício Mafra
  • 23 de ago. de 2017
  • 7 min de leitura

No dia 17 de agosto de 2017 houve uma palestra na UFRN sobre esse tema. Foi ministrada por um colaborador do BNCC da própria universidade e que me tirou algumas dúvidas bem interessantes, já que ele tentou, vagamente, ser imparcial no assunto abordado, espero deixar claro isso ao longo de minha abordagem, sendo esse meu principal motivo de vir falar sobre este assunto novamente. Vale salientar que ele é um professor Doutor em física, área do conhecimento que ele discutiu mais claramente. Mas vamos para os detalhes primeiro.

Primeiro que o projeto teve 3 fases, no qual o professor participou das duas primeiras fase, não participando da terceira fase por motivos de mudança de governo, pois estava na época do impeachment. Portanto, para deixar claro, as duas primeiras fases são do governo Dilma e a terceira fase do governo Temer, não que seja diferente em si, já que ambos eram aliados, enfim... Aparentemente há diferenças entre ambos, diferenças essas que, ao meu ver, são irrelevantes, já que no final das contas irá igualar toda a educação, se é uma educação que contém mais assuntos de um lado e menos do outro não faz diferença. Deixado claro as fases iniciais vamos aos motivos da separação.

Pelo que eu entendi houve a separação de fase da seguinte forma, a primeira foi a escolha dos membros para a discussão da BNCC e que ela seria/será imposta a todos de uma forma ou de outra, guarde essa informação, a segunda é um "aprimoramento" da primeira no qual foi aberto ao público para o debate e a terceira fase foi a troca dos antigos membros por novos, devido a mudança de governo. Aparentemente o motivo da saída do professor foi essa. Agora vamos aos argumentos dele, que fez uma apresentação muito rápida e quem sabe até simplória, mas tudo justificado pelo tempo e pelo tema que era só apresentar o projeto até o ponto que ele participou, no caso até a segunda fase.

Primeiro motivo, e para mim o principal, é o porquê dele ter participado dessa empresa? Ele apresenta um argumento tão idiota e fraco que uma pessoa no cargo dele deveria reconhecer e, pelo menos, não expô-lo a outras pessoas que almejam um cargo como o dele ou se baseiam no conhecimento dele para aprender algo, o que é preocupante, dando ao menos um panorama de como está o nível dos professores dos altos cargos da universidade. O argumento é o seguinte. "Eu não gosto da idéia de ter uma lei impondo algo na educação, contudo ela vai ser imposta de uma forma ou de outra, por isso eu posso contribuir com ela e torná-la menos ruim, melhor isso do que ficar jogando tomates do lado de fora.". Esse argumento é ridículo e beira o absurdo, perceba também que ele afirma ser contrário a um projeto como a BNCC e só foi colaborar devido a sua imposição, que vai sim ser feita querendo ou não, todavia não é ele quem irá receber essas mazelas e sim seu filho!, então ele prefere contribuir do que "jogar tomates do lado de fora" essa expressão foi usada por ele na palestra. Para demostrar o absurdo desse argumento farei uma analogia, pense que um estuprador invadiu sua casa e está de posse de sua filha ou de você mesma, o que você prefere fazer? A coisa mais óbvia e sensata é brigar, mesmo que isso não o leve à vitória, contudo o professor tem uma idéia melhor, ele prefere partilhar da mesma ação daquilo que ele não quer para torná-la menos ruim, equivale a minha analogia a usar um lubrificante, ou seja, caso um estuprador invada sua casa e queira estuprar alguém não reaja, não jogue "tomates", mas ajude-o a fazer algo mais "civilizado", menos doloroso. Você mesmo pode extrapolar esse pensamento para tudo aquilo que você não gosta, mas só porque é obrigado vai fazer sem reagir. Vindo do estado torna-se um abuso do poder e uma escravidão eterna, não podendo um professor do cargo dele comungar com tal absurdo.

O argumento de cima já é um absurdo e desqualifica, na minha opinião, todo o restante da palestra, mas ainda tem mais, de menores proporções, todavia eram argumentos ruins e que não deveria ser feita por alguém no cargo dele e para um público como aquele. Um deles é que o documento entregue por ele e seus "amigos" que fizeram parte da segunda fase foi feito para o Ensino Fundamental (EF) e o Ensino Médio (EM), contendo pouco mais de 600 páginas, e o entregue até o dia da palestra era um documento contendo apenas 300 páginas. Então ele usou o argumento de que os membros da terceira fase encurtaram e sintetizaram os trabalhos realizados pelas fases anteriores, perdendo então muitas coisas importantes que foi adquirida ao longo de vários debates e de vários anos, mas esse argumento cai por terra com a informação seguinte, que é que o documento entregue pela terceira fase contém apenas o EF e o EM é uma incógnita. Ora, se um doutor em física não consegue ver o erro abissal que cometeu, então é por que ele não sabe de nada ou então a parte competente ao EM é bem menor que 300 páginas.

Outro argumento, sendo esse referente a um dos porquês da educação estar do jeito que está. Ele aponta dois que é a escolha dos livros didáticos e dos currículos, pois atualmente há uma certa padronização dos currículos e dos livros didáticos, aonde na parte da física, e ai entra o conhecimento dele sobre o tema, que no ensino médio as divisões feitas em todo o Brasil é quase idêntica sendo mecânica no primeiro ano, seguidos de termodinâmica no segundo e electromagnetismo no terceiro, é um padrão nacional. Porém o que o projeto visa em melhorar isso? É impor pela Lei uma padronização de TODOS os currículos, em nível nacional. Ora, tenho a certeza que a padronização dos currículos, e conseqüentemente dos livros usados não vão melhorar em nada.

Esse aqui eu nunca usaria em canto algum, que foi a comparação da logomarca das duas fases com o da terceira, sei que não foi um argumento válido e ele sabe disso, mas mesmo assim ele usou, comparar esteticamente a logomarca do projeto em um ambiente como aquele é ridículo, e se resume que o dele, leia-se primeira e segunda fase, é mais "bonito" que o novo. Porém ao meu ver o segundo tem maior valor subjetivo, deixarei as duas imagens aqui, a esquerda o antigo o da direita o novo.

Além disso, ele falou contra o projeto de lei Escola sem Partido, mas ele mesmo participou da criação de um projeto parecido, que será a implementação de deveres e argumentos ao professores devido a força da lei, a coerência de certas pessoas é algo impreciso. Falou contra o notório saber, contra a falta de transparência desse novo projeto, sendo que a primeira fase não foi assinada pelas pessoas que participaram, sendo assinada apenas na segunda fase e só foi aberta ao público na segunda fase também, contra a sua promulgação na câmara dos deputados, projeto esse que foi conduzido para lá devido a intervenção do deputado Rogério Marinho (PSDB/RN), que ele é claramente se opõe a decisão do deputado, e quando falou isso toda a plateia debochou dessa iniciativa do debutado, falando ele que ao passar pela câmara poderiam colocar nesse projeto leis de trânsito, não que eu seja a favor do deputado, mas para mim o projeto deveria mesmo ir para a câmara, enfim. O que eles queriam mesmo era impor isso tudo sem consultar os representantes do povo, quanta democracia.

Terminada a palestra foi aberta ao "debate" no qual eu falei quase tudo que falei aqui, ele claramente discordou de tudo, porém o que me impressionou foi o nível de alguns palestrantes, alunos de licenciatura, e um em especial aluno de licenciatura de física. Ele argumentou o seguinte contra o notório saber, " eu que pago cadeiras sobre pedagogia, sobre didática, sobre a LDB, etc., eu ainda não me sinto capaz de dar uma boa aula, se eu que faço tudo isso e não me sinto capaz, um indivíduo que não faça isso também não é capaz.". Ora, o aluno de física deveria saber que a experiência de um indivíduo apenas não corresponde aos demais, devido a pequena amostra de dados, para ele dar uma afirmação dessas ele deveria fazer amostras de todos ou boa parte dos professores e alunos, tanto aqueles que fazem pelo notório saber como pelo graduados nas universidades e depois disso fazer uma análise estatística, e mesmo ele fazendo isso e e dando o resultado que ele previu de acordo com sua experiência pessoal, qual é a probabilidade de que isso seja uma verdade eterna, ou seja, que em um futuro próximo ou não pessoas com o notório saber não possam dar aula? Isso é de uma incompreensão gigantesca que ouvir isso de um aluno de física e futuro professor licenciado me causou um certo medo do que pode acontecer em um futuro onde essa mesma pessoa possua um cargo tão alto quanto o do palestrante.

Outro aluno, se não me engano, de química licenciatura, reivindica que uma base comum pode melhorar a educação, pois como é preciso fazer um ENEM, algo que por si só já é uma aberração, para entrar nas universidades, e que um aluno do Sul do país pode concorrer com um do Nordeste, sendo essa disputa desigual, pois o mesmo acha que a educação do Sul é melhor do que a do Nordeste, um projeto como esse da BNCC pode trazer disputas iguais, já que irá igualar toda a educação do país em um mesmo ponto. Acho que esse aluno nunca pensou nisso na vida, farei outra analogia para ficar claro, como se iguala uma barra menor com uma maior? Certamente será diminuindo a maior, na melhor das hipóteses o maior diminuirá um pouco e o menor irá aumentar um pouco. Certamente a educação não é algo material e tornando a analogia meio ruim, entretanto forçar a barra para que duas educações diferentes a se unirem fará com que ambas percam coisas relevantes a sua região e ganhem coisas irrelevantes em seu contexto, que via de regra fará com que ambas percam rendimento, e isso já é observável. Então a melhor coisa a se fazer é ter o pessoa do Nordeste a educação do Sul como base para melhorar a sua, e a do Sul vendo que a do Nordeste está chegando ao seu nível ou superando-a em certos pontos ou em todos irá ter na do Nordeste sua referência, assim em algum tempo ambas melhorarão.

Concluo a partir dessa palestra que não haverá salvação ou aprimoramento da educação brasileira vinda de pessoas da universidade, se não há salvação por partes dos ""intelectuais"" de quem virá então? E na minha opinião virá de pessoas comuns como eu e você que está lendo, já que não estamos intoxicados por esse câncer ideológico presente nas cátedras e em todo espaço de educação superior no Brasil, e vendo-a de fora podemos analisa-la melhor. Fique claro que eu não creio que todos são assim, porém se os mais altos cargos são assim resta supor que os debaixo, forçados e tendo eles como referências, também o serão em sua maioria. Agora fica a pergunta, como fazer para melhorar? E minha resposta é, estude e coopere com quem faz algo.

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Trabalho realizado por iniciativa própria.  2017

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