Interação entre as Escolas e Universidades
- Maurício Mafra
- 20 de out. de 2017
- 4 min de leitura
No Brasil as escolas possuem uma ligação mais intensa com as universidades do que deveria. Elas não passam de uma preparação/iniciação para as universidade. Isso se deve ao fato das universidades terem o monopólio da formação docente. Assim os professores tendem a ter uma única da ascensão acadêmica/profissional, conduzindo seus discentes em uma jornada até a universidade. Para tal, ele, o professor, irá dar uma formação voltado aos exames de admissão. Essa ligação é extremamente problemática, prejudicando a dinâmica educacional. Pode-se piorar com um sistema de ensino mais centralizado. Vamos tentar por uma luz nesses problemas.
1º - A universidade é o único local onde se gera profissionais da educação, não há outras instituições ou meios de formação docente. Os novos professores, tanto escolares como os universitários, tendem a ter uma visão estreita da realidade, já que possuem apenas esse meio para sua formação e/ou ascensão intelectual, profissional, econômica, etc. Tal profissional inclinará seu aluno para que siga esses mesmo passos, pois não há outro. Assim seus exames, suas aulas e seus métodos sempre serão espelhos do que se aprendeu no decorrer da sua formação, e, portanto, pendendo sempre para essa via unilateral.
2º - O professor que queira fazer com que seu aluno consiga adentrar no ambiente acadêmico irá focar nos exames de aprovação das universidades. Assim sendo, o currículo ou a aula será constituída dos assuntos e temas abordados nesses exames de aprovação. Dessa forma, o professor passa de um educador e vira um propagandista de assuntos pré-programados pelas próprias universidades, que, por sua vez, são feitas pelos acadêmicos participantes do status quo, construindo assim um circulo vicioso. Isso pode até na elaboração de materiais escolar, das provas e dos exames de aprovação universitária. Entretanto isso não é educação, é uma industria.
3º - Em um sistema centralizador, ENEM e BNCC, teremos a concentração de poder em um ponto, essa centralização não decorrerá por mérito e sim por afinidade ideológica.Antes do ENEM ainda havia provas distintas em cada universidade, aonde as escolas mostravam assuntos mais amplos e com mais qualidade, para que seus alunos fossem aprovados em qualquer exame de admissão. Logo, uma educação centralizada não pode prosperar.
Ao menos pode acontecer que, em um ensino com forte influência das universidades, mas não centralizada, as escolas sejam constituídas de educadores com divergências educacionais ou mesmo escolas com sistemas, métodos, didáticas, etc., distintas por haver universidades com idéias distintas. Ou seja, mesmo com uma forte influência das universidades no ensino básico, as universidades estão livres, dando ao menos uma chance do conhecimento prosperar, por ter uma maior variedade. Porém não é isso que acontece hoje.
O Brasil possui o seguinte quadro, a formação docente não apresenta concorrência. O professor tem uma visão limitada de sua profissão e de como chegar até ela, conseqüentemente irá induzir isso aos seu alunos. E por fim esse circulo vai se fechando cada vez mais. Sufocamos a educação!
Para piorar ainda mais o nosso quadro, e sim é possível piorar, as melhores universidades do país são públicas, ou seja, não há uma rotatividade de docentes nessas instituições. O que há é uma visão ideológica impregnada nas paredes onde podemos até sentir seu cheiro, literalmente. Isso decorre do fato delas precisarem de verbas Estatais para se manterem, obrigando-as a se alinharem aos interesses dos governantes em voga. Por serem funcionários públicos estão protegidos por nossa constituição, não podendo ser demitidos. Levando muitos a diminuírem sua produtividade ao longo do tempo. Estabilidade leva ao sedentarismo. Agora matamos a educação!
Consequentemente precisamos fazer algo para mudar. A primeira coisa é diminuir a legislação da educação. Ivan Illich dirá que não precisamos de leis para a educação, ele pretende construir uma sociedade sem escolas, ou seja, uma sociedade que não tenha leis para a educação. Obviamente chegar a esse extremo iria causar graves problemas. Precisamos mesmo é diminuir consideravelmente as legislações sobre a educação, como a LDB, a BNCC e outras que possam surgir. Desregulamentar a profissão docente é um ponto chave, dado que, uma profissão desregulamentada possui maior liberdade ao docente e a instituição que o contrata. Outro passo importante é a não ou uma carga menos abusiva na tributação sobre as instituições de ensino, para que haja essa liberdade. Assim o docente poderá abrir sua instituição com sua filosofia, abrindo novos horizontes. Com uma profissão desregulamentada e baixa tributação das escolas, poderemos fazer ressurgir uma educação sem apegos ideológicos unilaterais, faltando então retirar esses laços entre a escola e a universidade. Esse tema será posto em outra publicação.
À vista disso, tais mudanças não só trará benefícios para as escolas como também as próprias universidades. Essas, por sua vez, possuíram maiores divergências educacionais, o que acarretará em divergências escolares. Tais divergências são positivas para todos, pois, ao concorrerem entre si tentarão melhorar em determinados aspectos, melhorarão seus profissionais, seus métodos, e, por fim, guiará melhor seus alunos. Ergueremos melhores condições de possuir conhecimento acadêmico de qualidade. Com isso deverá florescer instituições como Liceus, Academias, Colegiados, etc., que tenham o intuito de promover a formação docente aquém das universidades.

PS: A foto de cima mostra um grupo, no qual participei, limpando as pichações da universidade. Semanas após o evento os "universitários" voltaram a pichar, com um viés claramente ideológico. Esses que picharam serão os novos professores se nada for feito. No futuro eles picharão as mentes da próxima geração com essas mesmas idéias. Será que é isso que queremos?
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