História da Educação na Antigüidade (Parte II - Esparta e Atenas)
- Maurício Mafra
- 21 de set. de 2018
- 3 min de leitura
De todas as Cidades-Estados gregas Esparta e Atenas são as que mais se destacam. A história de Esparta, que é estudada nos ensinos primários e secundários, não nos apresenta a sua real importância. Mas esta história nos dará um norte bem definido do que se fazer e o que não fazer nos dias atuais com relação à educação.
Esparta fora por muito tempo Cidade-Estado mais importante da Grécia. Ela foi conservadora por excelência, além de guerreira e aristocrática. Esses três fatores foram decisivos para que ela tornar-se uma metrópole da civilização helênica. Vemo-la apenas como uma cidade autoritária, fechada e inculta, e a vemos assim justamente pela má conotação que essas palavras possuem. A cultura arcaica de Esparta era voltada as artes, as musas e aos estrangeiros, tornado-a um centro da civilização. Nela desenvolviam os melhores atletas, onde temos que dos oitenta e um vencedores olímpicos, quarenta e seis são espartanos, temos também o esporte feminino. Era a capital da música nascendo duas escolas de música, uma caracterizada pelo solo vocal e a outra inclinada para o lirismo coral. Além disso as danças, os banquetes, as festas nacionais, onde moças e rapazes, festejam pelas ruas homens casados e jovens formando dois corais. De longe ela é uma cidade vibrante, digna de ser retratada como tal e não como nos é mostrado nos filmes ou nos materiais didáticos.
Ela declina por uma revolução política e social. A mudança de tática no campo de batalha fazem com que os soldados espartanos tivessem que depender mais um do outro, uma coletividade exacerbada, deixando de ser menos aristocrática para ser mais oligárquica, e aí temos a segunda uma forma mais ou menos acentuada de democracia. Ora, uma cidade aristocrática tende a conservar os louros de seu passado, mas agora ela centraliza mais o poder nas castas de guerreiros, oligarquia, e renunciam a tudo que não se pode usar nas batalhas, ou seja renunciam as artes do belo, ao atletismo e afins. Dessa forma algumas atitudes deveriam ser tomadas como no caso dos bebês que precisavam ser perfeitos ou seriam jogados nos Apótetas, o aborto depois de nascido. Nessa conjuntura a educação é direito da família até os sete anos, depois ele serve ao Estado até a morte. Tudo é regulamentado por uma casta "democrática" que ditam e adestram a população. Os textos da escola são adaptados para fins educativos. A educação passa de livre e individual para uma centralizada e coletiva, onde tudo é sacrificado pelo bem e salvação da comunidade nacional. Resumindo, o ideal coletivo da sociedade e revoluções políticas e sociais fizeram-na de sensível à selvagem, de centro da civilização à um mero município da Acaia.
Atenas por sua vez passa de uma cidade centralizadora e guerreira para uma cidade livre e voltada às artes, tomando o posto de centro da civilização helênica de Esparta. Em Atenas não houve revolução, houve sim um extensão gradual de conquistas, onde o povo começa a ser livrar do Estado. Surgem então escolas, mas os idéias ainda são aqueles voltados a aristocracia, não por que ela esteja no poder, mas sim pela valorização do belo, das artes e dos bons costumes que os cidadãos desejam ser. A educação ateniense é mais artística que literária e mais esportiva que intelectual, e aquele desejo de equilibrar corpo e mente realmente não existe, coexistia uma disputa entre os atletas dos Ginásios e os intelectuais das Academias.
"Radioso e fresco como uma flor, passarás o tempo nos ginásios [...] Descerás à Academia, onde, sob as oliveiras sagradas, iniciarás tua carreira, cingindo com uma leve coroa de ramos, com um amigo da tua idade... Se fazes o que te digo, e nisso aplicas o teu espírito, terás sempre o peito robusto, a tez clara, os ombros largos, a língua curta, a bunda gorda, o pênis pequeno. Se segues, porém, os costumes correntes (como de Sócrates), de início terás a tez pálida, os ombros estreitos, o peito opresso, a língua comprida, a bunda magra, o pênis grande, [...] e extensa propositura de lei." Nuvens, Aristófanes.
Observamos então que a formação da comunidade, da civilização, seus costumes e seu passado influenciará positivamente ou não na educação, consequentemente em seu futuro e sua posição perante as demais sociedades. É imperativo perceber quando uma sociedade começa seu declínio, e percebendo isso deverá ser feito um resgate dos valores que tornaram-na uma civilização forte.

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