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História da Educação na Antigüidade (Parte I - Homero à Isócrates)

  • Foto do escritor: Maurício Mafra
    Maurício Mafra
  • 21 de abr. de 2018
  • 3 min de leitura

A experiência de ler Ilíada e Odisseia, de Homero, é uma das mais enriquecedoras para o homem acadêmico, deparar-se com a grandiosidade dessas duas obras fazem-nos refletir como um povo sem escrita conseguiu passar uma obra tão vasta e complexa oralmente, o que supõe uma educação bem completa. Tais obras são dignas de toda uma educação, e foram mesmo, como veremos, para todo o grego e helênico. Homero não só é o ápice da sua cultura legendária e poética, como também é o verdadeiro educador dos gregos.

Há nessas obras a figura do cavalheiro, o homem completo, viril, que domina as artes de falar e se comportar na sociedade como nenhum outro. Tais homens são compostos por aristocratas guerreiros em volta de um rei, servindo-lhe de conselheiros, já que são homens honrados, experientes no campo de batalha, na vida jurídica e no controle social. Portanto esses nobres receberam uma educação completa desde a infância de mentor que os ensina tudo. A passagem a seguir mostra a educação de Aquiles, que foi educado por Fenice (Fênix) ainda muito jovem:

"Por Peleu (Pai de Aquiles) fui mandado seguir-te...

ainda na infância, igualmente inexperto nas guerras penosas

e nos discursos das ágoras, onde os heróis se enaltecem.

Sua intenção foi que viesse contido, por te ensinasse

como dizer bons discursos e grandes ações pôr em prática" Homero, Ilíada, IX, 438-443

Vemos que a educação homérica possuem dois aspectos, uma de ordem técnica, pela qual a criança é iniciada em um determinado modo de vida, e uma de ordem ética, dando-as um certo ideal de existência. A educação aristocrática só pode possuir dois caminhos, ou formam homens bárbaros eficazes no campo de batalha ou elevam esses homens aos cavalheiros, sendo essa última o caminho seguido pelos gregos.

A educação inicia-se como aristocrática, dela iremos ter os sofistas, os platônicos e os isocráticos, e mesmo depois do novo ideal democrático dos atenienses a educação continua com os mesmo valores, porque essa democracia continua buscando seus líderes na nobreza. Surgem, então, os sofistas, esses tem um objetivo muito direto, ensinar a vencer toda discussão possível. Para tal feito eles criaram todo um repertório de técnicas, ensinado as como retórica e dialética, aperfeiçoando-as para explicar aos alunos suas estruturas lógicas. Usando essas técnicas, que serão mais tarde estudas como Trivium e Quadrivium, os sofistas, mesmo com seu extremo utilitarismo, conseguiram produzir obras notáveis, como as Nuvens e a História, de Aristófanes e Tucídides respectivamente. O problema sempre foi esse tecnicismo exacerbado por partes dos sofistas, eles escravizam um jovem com o espírito científico, tratando-o como operário a serviço desta, estreita-se e encurta sua visão. eles possuem o homem como a medida de todas as coisas.

Platão por sua vez organiza sua academia para buscar a verdade, constrói um ideal utópico no qual são necessários cinqüenta anos para fazer um homem. Todavia contenta-se com uma educação elementar e tradicional, tornando o ser humano capaz de ter acesso à verdadeira ciência, e nesse tempo desenvolve-lhe o espírito e o corpo. Ferrenho opositor dos sofistas, pois pretende com sua educação formar homens, não somente viris e bons com conselhos e nas ágoras, mas sim filósofos. O filósofo busca um ideal de perfeição interior, que por fim se encerrará numa solidão heróica.

Isócrates foi um professor de eloqüencia, o verdadeiro criador do "discurso de pompa". Isócrates preocupado com o discurso vazio dos sofistas procura na eloqüencia um meio para alcançar os valores cívicos e patrióticos. Suas idéias são mais acolhidas pelo povo, uma vez que adotando um meio termo entre os sofistas e platônicos, Isócrates sobrepõe o modelo coletivo para um mais individual, e assim ergue seus métodos que vigoraram em todo o período helenístico. A vitória de Isócrates como um modelo pedagógico na Grécia virá desse "bom senso" onde tem-se um conjunto de idéias viáveis para formação do homem, que não dure tanto quanto o de Platão, e que esteja com um discurso real e verdadeiro, e será no ensino da retórica que ele se sustentará, pois ainda será preciso ir às ágoras.

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Trabalho realizado por iniciativa própria.  2017

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