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História da Educação na Antigüidade ( Parte III - Instituições)

  • Foto do escritor: Maurício Mafra
    Maurício Mafra
  • 27 de set. de 2018
  • 3 min de leitura

O estudo das instituições educativas da Grécia Antiga nos mostrará o quão longe estamos de uma verdadeira educação, não só pela administração, mas pela metodologia e pelos objetivos. Poderemos já dividir as escolas em públicas e privadas, mas o que nos interessa será demonstrar como era gerenciada a escola pública.

O Estado grego maior, entenda-se a cidade e não reino, tinha as responsabilidades reduzidas com relação as instituições públicas de ensino, escolas e ginásio, deixando-as a cargo de cada município os deveres e as ações a serem tomadas. Esse modo de governar fazia pouca ou nenhuma intromissão no ensino, intervindo apenas para convocar os cidadãos ao dever. Dessa forma havia sempre um benfeitor que fazia doações às instituições com o intuito de assegurar os funcionários, as construções ou conservações dos monumentos, e para as despesas das cerimônias religiosas.

Percebe-se que por essas duas instituições de ensino a educação grega possuíra dois aspectos centrais, intelectual e esportivo, e seus respectivos prédios, escola e ginásio. A preservação da cultura é vital, principalmente para povos colonizadores como os gregos, então desde que se estabeleciam em um novo território eles tratavam de construir aqueles dois edifícios para essas funções. Não só era importante ter os estabelecimentos apropriados para a difusão da cultura, mas também bons professores, então a formação destes contém uma característica diferencial, possuir um bom caráter e boa moral, as técnicas e métodos de ensino eram poucos relevantes, pois a educação servia para formar homens e não máquinas. Nas escolas aprendia-se a ler e escrever, para que a cultura grega fosse conservada e difundida. Nos ginásios o esporte era preponderante, atletismo ou luta, mas eram acompanhados pelo estudo da medicina, nutrição, anatomia e medicação, e servia com o claro objetivo militar. Atividades como dança, desenho, canto e aprendizagem de um instrumento também estavam sempre presentes na educação primária.

O ensino secundário e superior ocorria em museus, em bibliotecas, ao céu aberto, nos liceus, acadêmias, jardins, etc. Não esqueçamos que Homero e seus dois poemas épicos são os livros bases da educação, e nesse estágio eles serão muito mais usados, além da leitura e recitação dos clássicos, agora será necessário explicá-los. O estudo superior ainda estava voltado para a formação moral, porém com pitadas de gramática, retórica, lógica e um pouco das matemáticas, que eram, e ainda são, tão preciosas para a formação do espírito, assim aritmética, geometria, astronomia e música será estudada com mais afinco. Essa educação terminava com a efebia, que é a preparação militar, mas até nessa fase aprende-se a manusear armas de corpo-a-corpo, longa distância, e de cerco. Aprende-se também em alguns locais medicina, única educação técnica que há na educação grega.

O ensino superior e o ensino secundário serão realizados quase em conjunto, elas se distinguirão pelos objetivos, uma visa formar um cidadão honrado e moral, e esta última propõe tornar o homem um filósofo ou orador. Para os gregos é lógico que estás últimas etapas precisam ser precedidas por uma educação moral, e nela se sustenta a intenção de educar um homem. O orador será o homem que utiliza-se tanto da retórica, dá lógica e da gramática, Trivium, tanto para elogiar como para conseguir o que quer nos debates públicos, privados ou políticos. O aprendizado da retórica será ministrado por homens consagrados nessa arte, e é ela que, incontestavelmente, dominou o ensino superior. A oratória foi se convertendo, pouco-a-pouco, em uma educação filosófica. O humanismo vem pela literatura e não pelo cientificismo, o homem culto é aquele que possui certa experiência psicológica, apurado senso dos valores morais, do real e do possível. A ciência ou uma técnica jamais deve tornar-se um fim em si mesma, pois manobrados pelos homens, a serviço do homem, devem sempre subordinar-se sempre ao humano.

Apesar de bem corrido é impossível não perceber a coerência dos estudos e instituições clássicas de ensino. Elas visam o homem, não o emprego ou o cargo, elas possuem como meta um ser completo que será capaz de ser livre e fazer o que bem desejar da sua vida, não um homem recluso em uma especificidade acadêmica. Por isso, mesmo dois mil e quinhentos anos após a derrocada militar dos Estados gregos, nós ainda devemos e muito a essa educação, mesmo depois de renegá-las.

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Trabalho realizado por iniciativa própria.  2017

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