Ensaios sobre o futuro da educação - Material Didático
- 3 de set. de 2017
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Desde o começo da educação, nos primeiros anos da alfabetização, o material didático é a referência do aluno, isso continua até o final do ensino médio. Houve alguma outra época onde a educação não tinha material didático? Se sim, então como eles estudavam? De onde vem a idéia de usar, como fonte principal, o material didático? Existem problemas ao fazer uso de materiais didático como fonte principal? Se há qual a maneira de contornar esse problema? Essas perguntas tentarei responder com maior brevidade possível. Porém antes é preciso dizer o que é o material didático.
O material didático é composto por materiais impressos, audiovisuais ou jogos educativos. Geralmente compostos por um livro ou vários que contém instruções para o professor e aluno por meio de uma pedagogia definida, também possui textos simplificadas e/ou resumidas de assuntos complexos, exemplos e exercícios de modo a "facilitar" o aprendizado do aluno, tudo com uma intenção pré-definida pelo pedagogos. Esses livros contém, geralmente, um padrão de linearidade ditado por tutores, professores ou pessoas interessadas na educação de um país ou região. Por linearidade me refiro ao avanço do estudo, por exemplo, primeiro aprende-se a física de Newton (mecânica clássica), depois Termodinâmica e Eletro-magnetismo.
Sim, houve outras épocas onde o ensino não foi pautado em materiais didáticos veja os casos dos gregos, romanos, egípcios, ou seja, as civilizações antigas. Também na idade média havia um ensino sem ser pautado no uso de materiais didáticos como se conhece hoje. Além disso boa parte dos cursos universitários não usam materiais didáticos para o aprendizado, as vezes usam apostilas, que são compilações resumidas de assuntos importantes, mas não chegam a ser didáticos. Aprendeu-se antigamente dessa forma, primeiro o professor expõe um conteúdo, seja contido em um livro específico seja na própria observação da natureza, enfim, por meios não didáticos, no qual durante a exposição os alunos anotam o que lhes é interessante, assim como suas dúvidas, que serão sanadas durante ou após a exposição. No fim os alunos sabem como se deve comportar ao estudar um livro ou observar a natureza, de forma que irão repetir além do assunto estudado, o método que o professor usou. Essa forma de ensino é duplo, aprende-se conscientemente o assunto abordado e inconscientemente o método que o professor usou para que ele aprendesse.
A idéia de usar o material didático como fonte principal do estudo, principalmente nas tenras idades, foi de Comenius, um autor já debatido aqui no blog e que publicou um livro chamado Didática Magna. Para resumir bem, ele acreditava que o material didático pouparia o tempo dos alunos, orientava tantos os alunos como os dos professores sobre os assuntos mais relevantes, deixaria a aula menos chata, dessa forma otimizaria o aprendizado e faria com que o estudante aprendesse tudo de forma mais rápida e precisa. Então isso se torna uma norma, e hoje podemos ver os frutos dessa educação mais "eficiente".
Existem problemas intrínsecos no uso de materiais didáticos como fonte principal sim, o principal deles é a falta de visão do todo, ou seja, o conteúdo de forma resumida ou focada nos termos mais "relevantes" leva ao aprendizado incompleto sobre o tema, o aluno não dominará como um autor chegou a uma conclusão a partir dos dados reais, mesmo que tenha um exemplo mostrando como isso foi feito, e por fim irá levá-lo a pensar que formar uma idéia coesa será sempre uma simplificação de uma teoria pré-existente, sendo essa simplificação suficiente para que alguém a entenda. Então ele começará a fazer resumo do resumo, e a próxima geração fará o resumo do resumo do resumo, ad infinitum.
Levando em consideração que o aprendizado é uma arte e não uma ciência, dependerá muito do contexto. O que deve ser levado em conta sempre é os métodos que funcionaram, sendo eles o método tradicional de ensino, a exposição do conteúdo com base em livros ou nas experiências reais, sendo esmiuçados e detalhados pelos educadores de forma a facilitar a compreensão, onde o aluno deverá anotar o que está sendo dito tanto para ele poder lembrar dos fatos, como tirar possíveis dúvidas. Além disso pode-se usar o material didático com fonte secundária ou terciária, secundária como uma fonte de pesquisa e terciária como fonte de resolução ou comparação com o que já foi feito, sempre tendo o foco dos livros como fonte principal.
Conclusão
O ensino dado as crianças e jovens do nosso país é de péssima qualidade tanto pela metodologia como pelo uso dos materiais de ensino. Sendo a metodologia uma destruidora de intelectos, a sócio-construtivista, e os meios pelos quais se ensinam também ruins, os materiais didáticos, tornando o aprendizado quase impossível, o que eleva o problema do aprendizado ao quadrado. Focando no material didático, é impossível esperar que o aluno aprenda lendo e observando problemas resumidos, ou mesmo simplificados. Além de tirar toda a beleza da educação em si, retira deles sua capacidade imaginativa e intelectual, desarmando-o de entender problemas concretos. O exemplo clássico, modifica-se uma questão minimamente e os alunos já não conseguem entender e nem responder.
Não estou excluindo totalmente o material didático, ele pode ser relevante em muitos aspectos, mas como fonte primária ele é um engodo dos mais sórdidos, que está levando a educação para caminhos sombrios. A questão da educação no Brasil é muito mais grave do que falta de verba ou de equipamentos, laboratórios, etc., trata-se de um problema teórico no qual não é discutido nem nos ambientes pedagógicos, nem nos ambientes acadêmicos das ciências humanas. Seja como for, um primeiro passo e muito eficaz é a retirada dos materiais didáticos da educação e trocá-los por livros práticos ou teóricos sobre o assunto estudado. Portanto o ponto do material didático é de suma importância para a educação.

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