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Cultura e Educação (Parte I)

  • Foto do escritor: Maurício Mafra
    Maurício Mafra
  • 21 de set. de 2017
  • 5 min de leitura

O que é cultura? Qual a sua função? O que é educação? Qual sua função? Qual dos dois influencia mais no desenvolvimento humano? Qual das duas vêm primeiro? É possível identificá-las facilmente na sociedade contemporânea? Essas são perguntas pertinentes sobre nossa sociedade, para que possamos entendê-la e como melhorá-la, e aí entra a pergunta, o que é melhora? Como podemos quantificá-la e qualificá-la? São perguntas assim que tentaremos, de modo "superficial", responder.

A primeira questão antes de tudo é o porquê de respondermos superficialmente questões tão fundamentais e importantes. Acredito que ainda não temos bagagem suficiente para debater mais profundamente o assunto, de forma que vejo como se estivéssemos, e falo nós mais no singular do que no plural, engatinhando e não andando e correndo. Levando-me a tratar o assunto de maneira mais direta, ou como disse de forma superficial, o que se traduz de maneira mais geral do que específico, o que para mim da uma idéia de superfície. Então trataremos das questões acima.

Antes de tudo precisamos definir o que é Cultura, seria possível definir pelo seu significado de dicionário, mas não quero dar respostas que qualquer um pode ter e sim os caminhos mentais nas quais eu desenvolvi minha própria percepção do assunto. O nome Cultura foi escolhido com grande precisão, pois remete ao cultivo de algo, e esse algo está vivo, como o cultivo da terra para plantação ou de bactérias. Portanto ela possui muita relevância para o ser independente do que quer que seja . Além disso não se cultiva algo em qualquer ambiente, precisa-se de certas "qualidades" para prosperar, temos a primeira variável, o ambiente. Também não se cultiva qualquer coisa, ninguém produz ervas daninhas, ou mesmo uma bactéria que arriscaria causar a morte daquele que a produz, temos outra variável o quê. Temos outra variável que é, não se cultiva nada de qualquer forma, precisa-se de certos conhecimentos para que haja a prosperidade, ou seja, há certas formas específicas para se cultivar certas culturas de seja lá o que for. Portanto refiro-me a Cultura como algo vivo, necessário para o ser tanto materialmente como intelectualmente, que possui certas características com o ambiente que o circunda, possuindo assim valores que devem ser cultivadas e outras não, e esse cultivo deve se dar de determinada forma. Ela pode estar sendo cultivada por uma ou várias pessoas, com o intuito de sobreviverem e compreenderem, fazendo o paralelo com o cultivo da terra e o cultivo bacterial que tem, sobre vários aspectos, o interesse apenas do conhecimento. Somos parte integrante desse desenvolvimento cultural, onde podemos ter um terreno inapropriado para certas plantações, que ervas daninhas sempre surgirão e que podem surgir pessoas que destruirão sua plantação, espalhando pragas ou destruindo-as literalmente, como também o fato de não estarmos cultivando da maneira correta.

Agora como conseguimos definir se algo é útil para nós? Pego o mesmo exemplo dos ancestrais, o cultivo de determinadas frutas ou cereais, vieram das observações e de algo que veio ao acaso, com uma intuição. Dito de outra maneira, havia uma certa contemplação da natureza e intuitivamente se cultiva-se algo, onde alguns trouxeram bons frutos, o que podem ser práticos ou estéticos. Para retornar a falar de Cultura vemos que alguns valores práticos são a moralidade, a religiosidade e ética, também os valores estéticos buscam sempre a beleza, seja nas mais variadas artes, música, arquitetura, gastronomia, literatura, etc., como na beleza da natureza e na sua contemplação, inclusive houve uma forte presença ao culto da beleza física do corpo humano. Ora, vemos que é impossível avançar sem antes prestarmos atenção no passado, dessa forma é impossível plantar algo sem notar e cuidar de todos os estágios, sendo esses fatores os reais motivos do declínio da nossa "Cultura" , a moralidade foi relativizada, a religiosidade tornou-se secundária e a ética não interage mais com a sociedade por diversos motivos, sendo um deles a desconfiança daqueles que nos governam. Além disso as artes não se preocupam com a beleza, sendo jogada na latrina, e tudo o que importa é o desejo ideológico ou funcional. A funcionalidade de algo está intrinsecamente ligado a sua anatomia, e uma perfeita união de ambas temos a beleza, vide nosso corpo, temos outros olhos melhores no reino animal, músculos mais fortes, dentes maiores, braços mais ágeis, porém se fosse de outra forma não seríamos a perfeição do intelecto, beleza essa tão cultivada por povos mais capazes. Subordinar tudo a funcionalidade ainda é menos prejudicial do que subordinar a ideologia, já que essa não passa de algo criado e não observado por nós, uma diferença tão grotesca que não vou me dar o trabalho de explicar. Subordinar as artes a ideologia é subordinar a beleza a escolha aleatória e sem sentido, pois a beleza encanta mesmo aquele que ainda não tem uma consciência "madura" como bebês e crianças, que reconhecem de longe a beleza da mãe e das coisas ordenadas, e ao longo de seu crescimento se corrompe ou se aprimora.

A função da cultura então é dar sustento a vida na terra, o homem sem ela não é homem, já que nem uma outra espécie do planeta a possui. Virando então a pedra angular no desenvolvimento humano, ela precisa estar bem apoiada nos melhores valores, tantos os observados diretamente como os que foram induzidos pela contemplação. Onde um papel da beleza é indiscutível, ela é sim uma fonte regular de sanidade mental que deve ser alcançada, além dela claro a moralidade, religiosidade e ética. Logo, a Cultura não só é fundamental, mas representa algo de íntimo do ser humano que o distingue dos resto do reino animal, por isso atividades diárias e sem sentido, ou que apresente falta de beleza ou moralidade, religiosidade e ética, são partes inferiores da cultura e que devem ser, necessariamente, cultivadas em menor escala. Por exemplo, não irá se cultivar a prática de não escovar os dentes antes de sair de casa, mesmo que alguém o faça com bastante frequência, a beleza também se comunica no cheiro, no paladar, na audição e tato, não apenas na visão, porém a visão possa anteceder todas essas e queira de uma forma ou de outra ser a referência final.

Para quantificá-la e qualificá-la, será necessário a apreciação tantos dos costumes antigos como aquilo que trouxe bons resultados para o indivíduo e depois para o coletivo, já que nesse cultivo não há cercas e um cultivo interfere no próximo. Uma forma de avaliar é pela reflexão das culturas que sobreviveram de outras civilizações, dos gregos sobreviveu as artes e a filosofia de modo muito intenso, dos romanos o direito e a disciplina, dos hebreus a religiosidade e a ortodoxia, onde esses são os pilares que erguem a civilização ocidental com todas suas qualidades e benefícios, não que ela seja perfeita em sua totalidade, mas que representa um avanço brutal para o ser humano. Portanto quanto mais longe e mais ignoramo-as mais perto estamos de podar o galho no qual estamos sentado, ou estarmos ou cultivando ervas daninhas ou destruindo a plantação que nossos antepassados deram seu suor e sangue para conseguirmos chegar aqui.

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Trabalho realizado por iniciativa própria.  2017

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