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Didática Magna (Parte II)

  • Foto do escritor: Maurício Mafra
    Maurício Mafra
  • 26 de jun. de 2017
  • 6 min de leitura

Antes de mais nada queria deixar explícito as estruturas do livro, pois como o artigo passado ficou longo acrescentar mais informação lá ficaria denso demais, então aqui vai a forma estrutural que eu delineei são eles i) de onde ele retira essas idéias, são os capítulos I ao VI, ii) o porquê de ensinar tudo a todos em idades tenras, são os capítulos VII ao XIV, iii) os princípios, são os capítulos XV ao XIX, iv) os métodos, são os capítulos XX ao XXV e v) como por em prática, são os capítulos XXVI ao XXXIII.Sendo a terceira e a quarta parte ligando-se diretamente com a primeira parte, e a segunda e a última ligando-se entre si, uma espécie de entrelaçamento. Então falarei sobre a segunda parte nesse artigo.

Argumentos

Seis motivos breves para educar em idades tenras: 1) Incerteza da vida presente. 2) Mesmo que vivas bastante, na vida se deve aprender e a agir. 3) Maleabilidade de mudanças quando jovens. 4) Facilidade de aprendizado. 5) Deus nos concedeu os anos da juventude nos quais somos incapazes de fazer outras coisas se não aprender. 6) Só é sólido e duradouro aquilo que se absorveu nas primeiras idades.

Por todos esses motivos acima pode-se moldar uma criança ao bel prazer dos educadores, de tal forma que para que haja unidade é preciso que todos sejam educados em conjunto, sem distinção alguma, pobres com ricos, homens com mulheres, inteligentes com idiotas. Porque "todo homem nasceu para o mesmo fim principal, o de ser homem, ou seja, criatura racional senhora das outras criaturas, imagem manifesta de seu criador[...]"(IX, 2).

A educação universal deve-se cumprir também por esse motivo aqui, "[...] que ninguém no mundo jamais depare com alguma coisa que lhe seja tão desconhecida que não consiga sobre ela emitir um juízo moderado ou dela fazer um uso adequado, sem erros nocivos."(X, 1). Para isso é preciso 4 coisa, 1) educação nas ciências e nas artes, 2) línguas sejam apuradas, 3) costumes formados dentro da honestidade, 4) Deus seja amado de modo sincero.

Talvez um motivo dele ter elaborado tal livro ou linha de pensamento é o fato de que nenhuma escola antiga se quer tentou alcançar a perfeição ele fala, "Até agora, qual a escola que se propôs atingir tal grau de perfeição?"(XI, 2). Então o argumento de educação universal é atingir a perfeição total.

Outro argumento são a falta de métodos, que explicarei mais adiante, e que por falta deles as pessoas ficam retidas durante anos, e que educadas em idades menores usassem no máximo um ano para aprender, "Isso não quer dizer que raramente os espíritos foram nutridos com conhecimentos realmente substanciais, mas sim que, na maioria das vezes, foram enchidos com palavras superficiais, papagaiadas, e com opiniões que têm a consistência de palha e fumaça." (XI, 10).

Para isso a escola deverá educar toda a juventude, educar em todas as coisas que tornem o homem sábio, honesto e piedoso, que seja concluída antes da fase adulta, se desenvolva sem severidade, que sejam educados com uma cultura sólida e verdadeira, e que essa educação não seja cansativa e nem difícil.

Ele dividirá também o intelecto das crianças em 1) engenhos agudos e rápidos, 2) engenhos agudos e lentos, 3) engenhos agudos, mas orgulhos, 4) engenhos obtusos e tardos, mas ávidos por saber, 5) engenhos obtusos e preguiçosos e por fim 6) os idiotas. Entenda-se por engenhos a intelectualidade do individuo e agudo ou obtuso o grau de inclinação ao saber, de tal forma que um ângulo agudo segue a direção do saber e obtuso será um retrocesso, e por último o idiota que têm natureza deformada e má. E mesmo haja diferenças inerentes aos seres humanos no quesito inteligencia e aprendizado todos deverão ser impelidos primeiro, para os mesmo fins do saber, da moral, da santidade, segundo, serão usados os mesmo instrumentos para todos, terceiro, será usada a disciplina para curar essas diferenças, e quarto, dado esses procedimentos em idades tenras será mais vantajoso.

Entendimento

Sendo as crianças mais maleáveis do que os adultos, e elas o são por justamente entenderem pouco sobre as coisas, é nessa idade que se deve formar o melhores pensamentos e dar instrumentos suficientes para elas, instrumentos esses não supérfluos, mas que a criança já possa usa-los de certa forma para compreender o universo a sua volta. Para isso precisamos entender as diferenças, mas mesmo que se entenda as diferenças todos deverão ser submetidos as mesmas coisas. Dessa forma educar crianças é a melhor forma, porém precisa-se de bons magistrados, de tal forma que, os alunos podem ser corrompidos caso sejam mal educados.

Críticas

A necessidade de educar as crianças logo cedo é de grande serventia para toda a sociedade, mas educa-las de forma igualitária será, de certa forma, podar as diferenças de tal forma que elas serão niveladas pela piores ou medianas para piores. Isso se da porque as caracteristicas não são necessariamente adquiridas, sendo o ser humano propenso a certas atividades e outras não, como o autor bem descreve, e sendo assim as crianças que não terão tanta qualidade e sendo obrigadas a chegarem, como elas não chegaram e a escola ou professor tendo que igualar todos então paulatinamente o conteúdo será rebaixado, a tal ponto que ele seja muito ruim. Uma analogia com as mesmas usadas pelo autor, será como querer que uma árvore cresça mais do que ela está destinada a crescer, então para igualá-la a todas as outras árvores terá que por algo que limite o seu crescimento para que todas as outras fiquem do mesmo tamanho, dito de outra forma, a educação do aprisionamento e das destruições, tornando os inteligentes em idiotas. Qualquer semelhança com a nossa escola não é mera coincidência.

Acontece que algo relativamente difícil não será divertido de aprender pela esmagadora maioria dos alunos, como álgebra ou sintaxe, levando assim uma incongruência na lógica do autor, ele pede que seja ensinado com facilidade e de forma até prazerosa. Bom, se ele possui uma formula mágica ele não deixou neste livro, o que ele pede, não querendo adiantar assuntos posteriores, é que ensinemos com mais práticas do que com teorias, com coisas simples e depois aumentando o grau de dificuldade, sendo esse método muito similar ao construtivista, que deixarei para falar com mais detalhes na parte IV mesmo, mas só para dar uma palhinha, quando se aprende algo é por quase teoria, restando apenas os mais básicos fundamentos como os fonemas e a tabuada, como coisas que se aprende unica e exclusivamente na prática, as demais coisas só se aprende na teoria, como sintaxe ou álgebra, apesar delas serem usadas em exemplos práticos, não se consegue absorve-las sem que sejam ensinadas a teoria por trás, ou seja, têm coisas que são práticas e outras teóricas, sendo a maioria de ordem teórica.

Deixei uma parte em itálico para identificá-lo mais facilmente aqui, falarei dele agora. Esse trecho na minha opinião é o que condena a proposta do autor, pois como cristão obriga, logo os jovens, a fazer algo que na verdade não o levem aos seus caminhos verdadeiros? Esse trecho é uma imposição de um pensamento muito pesado sobre todos os jovens, sendo ele obrigados a fazerem isso, moldando-os como a escola quer e sempre para os piores, como já havia falado acima. Acredito que Deus nos deu a liberdade e fazemos dessa liberdade algo para crescermos, querendo ou não, cada um tem suas limitações e querer que todos saibam das mesmas coisas do mesmo modo é uma imposição brutal e até irracional, mesmo para um não crente. O fato é que tendo a liberdade de aprender de certa forma ou de outra os seres humanos conseguiram evoluir de forma invejável, sobrepondo algumas civilizações a outras, e assim escolhendo os melhores como uma seleção natural, não quer dizer que os idiotas sejam marginalizados, mas caso consiga perceber as diferenças entre um sábio e um idiota desde a infância será de grande proveito para todos, pois já saberemos quem comandará e quem será comandado. Pode parecer meio egoísta ou desumano, porém mesmo o mais idiota de todos pode ensinar algo que os mais sábios não consigam jamais entender, pois eles nunca foram idiotas. Portanto a tentativa de igualar todos só gerará idiotas em escala nunca vista antes, qualquer semelhança com nossa atual educação não é mera coincidência, de forma que a educação precisa ser urgentemente livre para métodos e didáticas, e não unificando-as em uma Magna, também não sendo atoa que Comenius é a condecoração máxima da UNESCO, instituição essa que tenho um profundo desprezo, por justamente tirar a liberdade que foi conquistada a duras penas tanto pelas uniões nacionais como pelo próprio homem depois de sua queda.

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Trabalho realizado por iniciativa própria.  2017

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