Educação Frankenstein
- Maurício Mafra
- 6 de jun. de 2017
- 4 min de leitura
Comparar nossa educação atual com a mais antiga chega a ser hilário se não for trágico. Perceber o que foi a cultura brasileira à alguns séculos e o ela é, se ainda existe algo, torna uma simples comparação em show de horror.
Se tecem muitas críticas à educação antiga "ela não incluía os pobres", os ditos marginalizados, "não haviam escolas ou lugares que ensinassem de forma a abarcar parte da população", "a taxa de analfabetismo era grande", etc. Críticas puramente físicas, ligadas aos bens materiais. Mas basta ver a história do mais ilustre literário brasileiro, Machado de Assis, para ver que não foi nada disso. Ora, se hoje já é difícil vencer na vida com tudo o que temos "direito", imagina à dois séculos. Mas nem por isso ele se acovardou perante as dificuldades, então fica a pergunta, como ele conseguiu? E a resposta é bem simples, por que ele quis e havia uma educação de qualidade na época. Então por quê falam mal daquela educação? Para essa pergunta tenho algumas idéias, primeiro é a falta de conhecimento, falta de estudo sobre o assunto, a segunda é um esteriótipo criado para desqualificar o império, terceiro é que a educação daquela época era tão rigorosa que os atuais profissionais da área não querem perde o tempo pesquisando e aprimorando-a e quarta é que, o advento da guerra fria influenciou o mundo de forma a bipolarizar os conceitos, sendo esses conceitos não miscíveis, onde um lado se apoderou do controle cultural e educacional não querendo, portanto, libertá-lo de suas rédeas, sabendo ou não que isso prejudica os alunos diretamente. Aposto mais na última, onde complementada com algumas partes das demais, podendo haver até mais, onde suas misturas estão em proporções diferentes em cada local do país.
Alguém poderia perguntar, mas porque esse título? Então vamos por partes. Frankenstein é um monstro criado pela inteligência humana para superar a sua barreira invencível, a morte. Criatura essa, se é que podemos chamar assim, que se assemelha ao homem, em vários aspectos, mas não possui uma Lei Natural que limite suas ações, dito de outra forma, ela possui apenas a forma e executa ações humanas, mas de humano mesmo nada possui. Tal criatura é composta de vários pedações recortados, de vários outros seres, onde não se encaixam perfeitamente e precisam ser alteradas, costuradas e provavelmente refeitas novamente ao longo do tempo.
Qualquer similaridade de algo que se assemelhe àquilo que o criou e não o sendo ao mesmo tempo com a nossa educação atual não é mera coincidência. A pedagogia atual são recortes, mal acabados, mal utilizados, mal moldados, tentando se assemelhar a uma pedagogia única, de vários escritores, filósofos, onde os chamo de engenheiros socais. Recortes criados com o intuito de mostrar uma impressão de pedagogia excluindo-a ao mesmo tempo, que não se encaixando de forma precisa necessita de novas reformas, mais estudo para no fim tentar concertar o inconcertável. Nada poderia ser mais assombroso que isso, criar uma pedagogia sem ser pedagogia, ou poderíamos chamar de demagogia, e por traz desse denso véu criar situações inexistentes para se auto promulgar, usando exemplos pontuais antigos ou novos para se promover a custas indescritíveis para as gerações. Dessa forma só posso encarar a pedagogia atual como um monstro que anda e fala, mas não possui essência, e serve só para, talvez, ser cultuado por mentes fracas e mesquinhas, que não contentes, ou não capazes, de lidar com a realidade, procuram meios alternativos, imorais diga-se de passagem, para iludir e se auto iludirem.
O quadro atual é tão grave que se nada for feito, creio eu, não existirá uma nação brasileira ou um pensamento voltado à melhora desse país. Isso porque não se pode sustentar uma sociedade complexa sem pessoas capazes para tal, muito menos uma ciência ou crenças, sem pessoas capazes de compreender, não só a educação, mas do bons valores morais, das conquistas históricas, da própria liberdade do culto, de possuirmos alguma liberdade da propriedade privada, da democracia, etc, onde o comentário na postagem "Uma breve análise das artes liberais." fica mais evidente essa minha preocupação com a nossa educação. Não falo como se compreendesse de tudo, ou fosse um ser que saiu da "matrix", falo ao menos do óbvio, mas não possuo um cronograma básico sobre e como estudar a educação, não tenho orientação direta, não possuo incentivo de terceiros, faço tudo quando quero e posso, na medida do possível. Claro que há pessoa que me ajudam, mas todo o meu conhecimento foi através de grandes esforços, pois fui educado por esse Frankenstein.
Portanto Educação Frankenstein é uma aberração visto no dia a dia, todos podem vê-lo, talvez até tocá-lo, mas estão inertes perante sua presença, pois a única classe que pode mudar essa perspectiva é a única que não quer mudá-la, sendo ela mesma a criadora desse monstro que avilta contra a educação de qualidade, seja ela qual for. Obviamente tenho certas idéias sobre qual é essa educação, creio que o método que criou as universidades e gerou os pilares da educação ocidental, bem como a ciência e os métodos de pesquisa, etc, seja o mais indicado para servir como base, não idéias criadas pelo homem, onde esse homem tem nome, e não é Victor e sim Comenius. Tecerei alguns comentários sobre esse senhor em publicações posteriores.

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