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Uso da Lógica

  • Foto do escritor: Maurício Mafra
    Maurício Mafra
  • 30 de set. de 2017
  • 4 min de leitura

Nas artes liberais temos como parte integrante do currículo a lógica/dialética, como alguns autores o chamam, qual é o porquê da importância deste assunto? Como se pode utilizá-lo hoje? E afinal, o que é a lógica?

Temos que a lógica é uma ferramenta mental de validar ou não uma conclusão, ou seja, partindo de premissas ou afirmações consegue-se chegar a uma conclusão válida. Usa-se o raciocínio lógica para chegar a tal conclusão, e o raciocínio mais simples é pelo silogismo, que em linhas gerais é composto por duas premissas ou afirmações que possuem uma parte em comum, que, necessariamente, trará uma nova premissa, chamada conclusão. Usemos um exemplo para melhor indicar:

S M

O homem é um mamífero. (Premissa 1)

M P

Um mamífero é um animal. (Premissa 2)

S P

Logo, o homem é um animal. (Conclusão)

Usei para ilustrar as as proposições em cada premissa, o S simboliza o sujeito e P o predicado da conclusão, M é o termo médio ou o termo que se repete nas premissas e será "excluído" na conclusão.

Este exemplo é meramente ilustrativo, na realidade é a presença de silogismos em um texto no qual o leitor precisa identificar os silogismos e sua conclusão. Por exemplo:

M S M

Os ovos escurecem a prata, pois eles contêm enxofre. Ovos escurecem estas

P S P

colheres. Portanto, há alguma quantidade de prata nestas colheres.

Temos uma gama de variações de raciocínios lógicos, porém o silogismo é o mais fundamental, porém temos o Entinema, Sorites, Epiquerema, Inferência Analógica, Oposição Imediata, além de todos esses há diversas variações, como eduções, falácias, etc. Um livro com muitos exemplos desse tipo de raciocínio é o Da Monarquia, de Dante, livro com uma infinidade de raciocínios lógicos como esses, provando os porquês da superioridade de uma monarquia em relação a qualquer outro tipo de modelo estatal. Mais alguns exemplos de silogismos:

O menino não toma banho.

Quem não toma banho está sujo.

Logo, o menino está sujo.

Homem é um substantivo.

Substantivo possui onze letras.

Logo, homem possui onze letras.

Temos aqui dois exemplos, o primeiro é composto de duas negações na premissa e a afirmação na conclusão, a segunda se trata de uma inversão na imposição acerca da palavra homem em uma das premissas. No primeiro caso lembramos muito da regra lógica da matemática de (-) com (-) é (+), na segunda temos uma mudança do que queremos dizer com a palavra, ou seja o sentido que ela possui, , no exemplo usei a primeira premissa para exprimir sua classe gramatical e na segunda está expresso a quantidade de letras. Por isso o estudo da lógica é fundamental para a matemática, os discursos, ciência de modo geral, estudos filosóficos, enfim, em toda a educação, usada principalmente para encontrar conclusões inválidas acerca das premissas.

Agora o ponto fundamental da lógica é, ela não diz se algo é verdadeiro ou não fala apenas da validade ou invalidade do raciocínio, ou seja, o raciocínio pode estar construído corretamente e ser inválido. Além disso, mesmo que o raciocínio esteja construído corretamente e ser válido ele ainda pode estar errado, se se tratar de um argumento não correspondente ao mundo real, exemplo:

Deus é imortal.

O homem é imortal.

Logo, o homem é Deus.

Temos que por base na realidade uma das premissas estão erradas ou sua conclusão. Portanto, a lógica por si mesma não é garantia de verdade ou não, isso pode ser traduzido da seguinte forma, ao começar somar as vendas do dia em uma loja o vendedor trocou um dos números e, no final, a conta não fechou. Ora, temos aqui que a conta que ele fez deu certo, ele errou em uma das premissas, mas a conta em si está correta. Todavia, sem a lógica correta é quase impossível obter uma conclusão correta, por exemplo:

Verbo possui cinco letras.

Comer é um verbo.

Logo, comer possui cinco letras.

Entretanto isso é pura casualidade e, mesmo assim, se trata de uma falácia. Por isso, o uso da lógica é de fundamental importância para qualquer estudo sério, seja nas ciências, seja nos discursos políticos, no dia-a-dia, enfim, em todas as relações humanas, claro que isso é utópico em certos sentidos e em certas ocasiões, porém nos estudos acadêmicos ou na educação infanto-juvenil deve ser o alicerce para construir, na mente dos alunos, um senso da realidade e que certos pensamentos estão claramente errados.

Acredito ser por esse motivo que o estudo da lógica foi meio que "abolido" do currículo pelos governantes e pelos acadêmicos, pois um aluno versado nos princípios da lógica iria se tornar realmente livre, poderia fazer escolhas sensatas e não baseadas puramente na emoção ou desejo, pensar com a própria mente. Assim sendo, excluíram tal estudo por medo, abolindo os meios de ação de seus alunos. Falo meio, pois, ainda temos a matemática e gramática, sendo eles estudos lógicos da arte de contar e da arte de escrever respectivamente.

Gosto sempre de ressaltar a minha forte inclinação pelo currículo das Artes Liberais, que são totalmente negligenciados pelos cursos de licenciatura e pedagogia nas universidades brasileiras. Nesses dias fiz uma pesquisa das monografias, artigos e textos acadêmicos publicados com esse tema, artes liberais, em todo o Brasil, não há quase nada, e quando há é apenas como nota de rodapé ou algum estudo histórico de nosso passado, não querendo trazer sua real importância. Isso não só é lamentável como mostra uma prova cabal da negligência dos representantes acadêmicos e governamentais com o futuro das crianças e com o futuro do próprio país. Este país nunca será um país sério se não voltar a ter uma educação realmente baseada na instrução do aluno de forma nítida e concisa, que dê ao aluno ferramentas para pensar por si próprio, para buscar informações e avaliar as coisas com base na verdade de tal forma que no futuro ele mesmo possa repassar esse conhecimento à novas gerações, isso se dá com uma educação liberal. Enquanto educarmos nossos filhos com ideais fúteis e sem fundamentos concretos, levando-os apenas à busca de saciar seus desejos mais rudimentares, criando apenas animais irracionais incapazes de fazer uma observação verdadeira do mundo, de um livro ou até da sua própria vida. É tudo muito lamentável. Temos apenas uma alternativa, estudar e procurar formas efetivas de aprendizado, que nem as Artes Liberais.

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Trabalho realizado por iniciativa própria.  2017

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