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Entendendo os silogismos

  • Foto do escritor: Maurício Mafra
    Maurício Mafra
  • 7 de out. de 2017
  • 4 min de leitura

O silogismo é a forma mais básica de um argumento lógico, ou seja, todo desenvolvimento lógico de qualquer coisa pode ser reduzido, em última análise, a um silogismo. Tentarei mostrar, através de exemplos, quais são suas partes, como identificá-las de uma maneira formal e em textos e como produzir e modificar os silogismos para melhorar seus argumentos. Para tal utilizarei os livros Da Monarquia, de Dante e O Trivium, da Irmã Miriam.

Os silogismos são divididos em duas premissas e uma conclusão. Possuindo elas uma subdivisão onde uma das premissas possui o sujeito (S) e a outra o predicado (P) da conclusão, ambas possuem um termo comum, chamado de termo médio (M). Exemplo:

S M

Todos os homens são animais.

M P

Todos os animais são mortais.

S P

Logo, todos os homens são mortais.

Ao nomear as subdivisões é preciso observar primeiro a conclusão, onde ao separarmos a oração em sujeito e predicado podemos determinar o "S" e o "P" nas premissas, depois marcamos essas informações nas respectivas premissas, concluindo na marcação do termo médio.

Observamos então essa figura:

I

S ___M

M ___ P

S ___P

Contudo temos ainda outras 3 figuras:

II III IV

S ___ M M ___ S M ___ S

P ___ M M ___ P P ___ M

S ___ P S ___ P S ___ P

Agora já podemos classificar o silogismo quanto a sua figura. Classificamos o primeiro exemplo pela figura I. Aprenderemos então classificar de acordo com a validade.

A validade de um silogismo depende de sua composição quantitativa ou modal, que de modo geral foi dividido em A E I O, onde o A e I são sempre afirmações enquanto que E e O são negações, para simplificar usarei só as formas Quantitativas. O A e E representam totalidades, I e O representam parcialidade, ou seja, A é uma afirmação total (Todo homem é mortal.), E é uma negação total (Todo homem não é um cachorro.), I é uma afirmação parcial (Alguns homens são altos.) e O é uma negação parcial (Alguns homens não são altos.). Para fixar:

A Afirmação Total Todos os animais têm células.

E Negação Total Todos os seres vivos não são rochas.

I Afirmação Parcial Algumas folhas são amarelas.

O Negação Parcial Algum homem não é feliz.

A partir daí podemos classificar as premissas de acordo com os termos A E I O e assim avaliar sua validade, pois caso uma das premissas for A e a outra for I sua conclusão será, necessariamente I. Exemplo:

Alguns seres humanos são crianças.

Todos seres humanos morrem.

Logo, algumas crianças morrem.

Classificamos então como figura III e validade IAI. Quanto as validades temos as seguintes combinações: AAA, AAI, AEE, AII, AOO, EAE, EAO, IAI, IEO, OAO. Caso encontremos algum silogismo que não seja desta forma ele estará inválido.

Podemos contemplar a beleza e a facilidade de validar ou não uma conclusão a partir de suas premissas, a primeira classificação é estética enquanto a segunda é mais prática. Isso mostra tanto a beleza intrínseca quanto sua qualidade prática, tornando-se assim um estudo indispensável. Agora vamos ver alguns silogismos encontrados no livro Da monarquia, onde o autor, Dante Alighieri, demonstra por meios de silogismos a superioridade da monarquia como forma de Estado. Usaremos o aprendizado acima em um texto para reforçar o que foi aprendido.

PS: Não escreverei todos os trechos fielmente, apenas as partes mais diretas dos pontos conclusivos, onde por fim farei a construção do silogismo.

"Consideremos que a família, cujo fim é o de colocar seus membros de modo a viver bem. Verificamos que deve existir um indivíduo que a regularize e dirige. Consideremos que a cidade, cujo fim é de viver bem, então ela deve ser governada por uma única pessoa. Enfim, em um reino, cujo fim é assegurar com mais segurança e tranqüilidade os benefícios da cidade, então só um deverá governar, esse chefe deve ser chamado Monarca ou Imperador."

As família devem ser governadas por uma pessoa.

O Reino é como uma família.

Logo, uma pessoa deve governar o Reino, um Monarca. Figura IV, AAA.

"Seja A aquele pelo qual uma coisa pode ser feita, e sejam A e B pode ser feito somente por A, é inútil apelar para B; de B nada provém, pois que A sozinho pode produzir todo o efeito. Uma tal acumulação de causas é ociosa e inútil. Também que o fim seja o C, A é a produção por um só, A mais B a produção por muitos. É evidente que a rota de A a C, por B, é mais longa do que o rumo direto de A a C. Ora, o gênero humano pode ser governado por um só príncipe supremo, que é o Monarca."

Todo A é um Monarca.

É melhor fazer apenas com A do que com A e B.

Logo, é melhor fazer com um Monarca do que com A e B. Figura III, AAA.

Talvez não tenha ficado tão claro ou não tenha sido as melhores escolhas, porém em minha defesa uso o fato de que, os silogismos usados por Dante são mais complexos. Desta forma tento fazer recortes fragmentários de um capítulo inteiro, com o intuito de dar uma noção da idéia usada pelo autor. Percebemos então que a construção de um texto pode sim ter esses silogismos para validar as proposições e conclusões, além disso ele irá possuir uma beleza estrutural muito alta.

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Trabalho realizado por iniciativa própria.  2017

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